A inovação é um risco!

Não, não é proibido inovar, muito pelo contrário, mas é sempre arriscado concretizar algo diferente do normal a que as pessoas se habituaram. Risco é o nome do meio dos audazes, dos construtores do futuro. Daqueles que, constantemente, se deparam com a resistência dos cépticos. Daq

O “primeiro estranha-se, depois entranha-se” de Fernando Pessoa continha níveis de toxicidade intoleráveis para o Estado Novo de Salazar. Quando o nível da diferença aumenta, a censura acompanha. Não se pode censurar a censura (ou será que se pode?), quando, no fundo, de medo da diferença se trata. Sim, é medo! Medo de aceitar/enfrentar o desconhecido. Medo da mudança.

O que quero dizer com isso? Bem, posso parecer esquisito ou estranho com as ideias e acções que realizo na vida, mas dentro da minha esquisitice, existe uma espécie de “Olho de Agamotto” (sendo às vezes uma maldição para mim)… O que vejo é autêntico e vívido. Mais cedo ou mais tarde, esse futuro que vislumbro passa para esta realidade.

Quando o diferente entranha, passa a normal e aceite pela sociedade, para dar lugar a mais inovação, a mais mudança, a mais diferença.

Ciberespaço 2021.

O termo “ciberespaço” criado em 1984 numa obra de ficção, incorpora a Internet inventada muito antes (1969). É como se o tempo não fosse relevante e o ciberespaço sempre existisse. Poderia ainda não haver nome para ele, mas existia, com certeza. Tal como determinadas Leis Universais que vamos descobrindo e apelidando, mas que sempre existiram.

É o éter da existência digital…!

Em 1995 também me chamavam louco – ainda que de uma forma simpática, diga-se – quando, de porta em porta, enunciava a presença de uma coisa chamada Internet. Empresários que me estimavam, até que me recebiam nas suas empresas carinhosamente, talvez pela minha paixão em explicar o que era desconhecido para eles, para depois declinarem o que lhes propunha: colocar as empresas na rede das redes.

Fui apelidado carinhosamente de louco durante mais uns anos até à parte em que “deixei de ser louco” para ser mais um empreendedor a explorar uma coisa ainda estranha chamada Internet. Estávamos quase a chegar à chamada bolha das “dot coms“. A concorrência chegara e eu bati palmas; já não me sentia sozinho!

(Obviamente que eu não era o único a vislumbrar o futuro a formar-se à frente dos nossos olhos. Ver cor em ecrãs a preto e branco.)

Os suprassumos da sabedoria que iam surgindo, os mestres do universo, começaram a surgir, pois, ouviam dizer que a Internet era um negócio que dava muito dinheiro e a corrida ao ouro tornou-se frenética e ridícula. Poucos anos depois – alguns não chegaram a anos  – foi uma explosão de cogumelos.

Depois da persuasão fruto do evidente e não das explicações de loucos (eu incluído), esta nova indústria amadureceu e revolucionou o mundo. Contudo, a história tende a repetir-se e várias revoluções, pequenas e grandes, sucedem desde então. Algumas são tão naturais que a mudança acontece evidentemente e viral. Mas há que dar mais atenção a algumas mudanças revolucionárias que podem pôr em causa a existência humana, tal como a conhecemos.

Refiro-me à Inteligência Artificial (IA) que hoje está em todo o lado, ainda que de uma forma invisível e ténue. A aceleração exponencial da tecnologia está a levar-nos lá, ao ponto sem retorno.

Quando a própria Lei de Moore fica ultrapassada, apenas significa que a aceleração tecnológica entrou em velocidade “Warp”. Sob risco de ficarmos nós, seres humanos, desactualizados, há que mudar as nossas relutâncias e cepticismos.

Não há tempo para cepticismo. Adaptação ao que aí vem, ou que já está aqui entre nós, como extraterrestres, é fulcral para a evolução e sobrevivência da espécie humana. Acredito que estamos num outro grande pico de desenvolvimento tecnológico.

Sempre persegui o futuro, não para viver fora da realidade do presente, mas para o ajudar a construir. Passados todos estes anos a lidar com o “Olho de Agamotto”, sinto-me no dever e obrigação de contribuir para um futuro melhor e não ficar de braços cruzados a observar o que temo que aconteça.

Anjos e demónios espreitam entre os zeros e uns!

Até ao momento, com os actuais computadores convencionais, onde incluo também os supercomputadores, a aceleração é já vertiginosa. Com os computadores quânticos a coisa torna-se bem mais séria e se não estivermos à altura para fundir o nosso verdadeiro conhecimento, a nossa essência humana, com as máquinas, o perigo espreita.

A Computação Quântica exponencia a IA. Uma IA exponenciada rapidamente chega a IAG. Ou seja, a Inteligência Artificial Geral ou Superinteligência que iguala ou supera a inteligência humana média. Ou seja, a inteligência de uma máquina que pode realizar com sucesso qualquer tarefa intelectual de qualquer ser humano.

Quando deixarmos de ter a artificialidade da “nossa própria” inteligência e a Superinteligência tiver emergido, é bom que a união entre o humano e a máquina já tenha tido um verdadeiro “handshake” para se entenderem tão bem quanto dois “modems” se entendiam no tempo das BBS (Bulletin Board System).

Nós, seres humanos, ainda somos – e acredito que sempre seremos  – o computador central, ainda que com os recursos computacionais inferiores (por enquanto) e substituídos por poderosíssimas máquinas que aceleram a nossa evolução.

Não há como escapar. É inevitável. É evolução. Portanto, um desafio e não um problema. Talvez o maior desafio do ser humano. Até agora, foi uma espécie de aquecimento. Doravante, tudo o que se fizer terá de estar livre da toxicidade humana para que a Nova IA seja, de facto, a nossa melhor versão, a nata do que há de melhor nos seres humanos; a sua essência na forma de um todo!

Uma transformação digital é uma transição para um mundo diferente. O poder de adaptação a esse mundo diferente define a nossa existência (sobrevivência, qual Darwin).

Como já reparou, o título deste artigo (A inovação é um risco!) tem duplo sentido. Permitam-me complementá-lo com: A vida é um risco!

Nota: Este artigo não obedece, propositadamente, ao Novo Acordo Ortográfico.

 

Hᴇɴʀɪǫᴜᴇ Jᴏʀɢᴇ

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